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casa 2
gonçalves-mg, 2013
A casa é pretexto para ver a paisagem.

Entre as pendentes contínuas, a construção do plano de estar torna-se prioridade: as duas casas se fazem como alternativas distintas para programa idêntico: 80m² internos e 100m² externos.  A primeira descortina sua cobertura à vista, como grande terraço arrancado do morro. A segunda distribui verticalmente sucessivas varandas multiplicando as cotas de contemplação.
A solução de acesso se repete: distanciar com uma passarela a casa do terreno permite ocupar o sobrado da encosta. A primeira ocupa o pavimento inferior ao acesso, com sala e quartos voltados para vista: um apartamento no alto do morro. A segunda organiza-se em três níveis: sala e cozinha na cota de acesso, um quarto acima e outro abaixo. Programas enxutos para casa de campo de uso eventual.
A estratégia construtiva aprimora a técnica cotidiana local. O tijolo de barro é usado como apoio, vedação e quando necessário como forma para estrutura em concreto armado. Lajes pré-moldadas em painéis, expostas, revelam a modulação de todo o projeto. Para o terraço da primeira casa se faz um conjunto de placas em concreto elevado sobre a laje impermeabilizada, realizando de uma vez o plano de estar, sombreamento e drenagem. As esquadrias em aço – todas executadas pela serralheria local – são recuadas e protegidas pelo sistema de beirais que as duas volumetrias se esforçam em criar. Para a estrutura da segunda,  é lançado um balanço da vigas em concreto da cobertura, em que se faz um furo quadrado sobre a varanda mais alta.
Terreno e vegetação são mantidos quase intactos, mas são percebidos de maneira nova pelos habitantes transitórios destas duas construções, seja pela exposição parcial, recortada e coberta das varandas da segunda casa, seja pela experimentação atmosférica da paisagem no terraço da primeira.